Quando chega casa de Godofredo, esta est trancada e s escuras. Arromba a porta e vai ao quarto de Nauza. H um cheiro pestilento no ambiente e ento ele v os corpos de Nauza e de Godofredo. Entre ambos, o copo de veneno que o mestre, como Gennaro vem a saber depois, comprara na cabana da montanha. O velho matara a mulher e se suicidara. Claudius Hermann Os amigos insistem para que o ingls Claudius Hermann, que est bastante bbado, conte uma histria tambm.
Ele conta que era um milionrio devasso, viciado em corridas de cavalo. Um dia, antes das corridas comearem, ele v uma bela mulher passando a cavalo na frente das arquibancadas: no cavalo negro, com as roupas de veludo, as faces vivas, o olhar ardente entre o desdm dos clios, transluzindo a rainha em todo aquele edema soberbo: bela na sua beleza plstica e harmnica, linda nas suas cores puras e acetinadas, nos cabelos negros, e a tez branca da fronte; o oval das faces coradas, o fogo de ncar dos lbios finos, o esmero do colo ressaltando nas roupas de amazona.
Era a duquesa Eleonora e Hermann se apaixona por ela. Passa a segui-la e contempl-la durante seis meses. Resolve, ento, possu-la de qualquer maneira. Suborna um empregado do palcio e, todas as noites, durante um ms, coloca sonfero na bebida de Eleonora e a possui enquanto ela dorme. Mas, ainda insatisfeito, decide rapt-la. Coloca o sonfero no copo de gua ao lado da cama da duquesa. O duque Maffio tambm bebe daquela gua e ambos ficam narcotizados. Claudius carrega Eleonora adormecida para uma estalagem, fora da cidade.
Quando a duquesa desperta na manh seguinte, recusa-se a se entregar a ele, mas Claudius consegue convenc-la, falando do seu amor, mostrando-lhe os versos que escrevera para ela e, principalmente, argumentando que o marido a recusaria depois do rapto, e a sociedade a condenaria. Neste ponto da narrativa, Claudius mostra aos companheiros da taverna os versos que escrevera para a duquesa. Johann l para os outros convivas.
Claudius retoma o relato e conta que Eleonora decidiu ficar com ele. Interrompe a o caso e dorme, desmaiado de sono e bebida. Os ouvintes tentam acord-lo, mas no conseguem. Arnold, o louro, que at ento estava dormindo, acorda e termina a narrativa de Hermann.
Conta que, um dia, ao entrar em sua casa, Claudius encontrou o leito ensopado de sangue e, em um canto escuro, abraado ao cadver de Eleonora, o corpo do duque Maffio. Ele matara a esposa e se suicidara. Arnold termina a histria, estende sua capa no cho da taverna e volta a adormecer, junto com outros companheiros que ali j dormiam.
Johann A histria de Johann se passa em Paris. Estava jogando bilhar com um belo jovem louro que se chamava Artur.
Acreditando que o jovem tentava trapace-lo, briga com ele. Os dois decidem, ento, travar um duelo. Dirigemse ao hotel em que mora Artur, onde este escreve uma carta me e mostra a Johann um anel no seu dedo. Sugere que, se ele morrer, Johann entregue tudo a algum que ele iria revelar mais tarde. Brindam juntos amada misteriosa de Artur. Artur explica que o duelo seria queima-roupa, com duas pistolas, uma carregada e outra no.
Cada um escolheria a pistola sem saber qual estava carregada. Johann concorda e ambos vo a uma esquina deserta, fora da cidade. Eles escolhem as pistolas, sem toc-las. Artur reza por sua me enquanto Johann lembra-se de que tambm tem uma famlia: a me, uma irm e um irmo, que vive com elas e protege a irm. No entanto, ele sempre os esquecia.
O duelo prossegue. Eles caminham frente a frente, as pistolas se encostam nos peitos e so disparadas. Artur cai quase morto. Johann pega o anel e tira do bolso de Artur dois bilhetes. Volta cidade e, luz de um lampio, v que um dos bilhetes era a carta para a me do rapaz, o outro era destinado a Artur, estava aberto e assinado apenas por uma inicial: Tua G. A mulher misteriosa marcava um encontro com o rapaz. Johann, por impulso, decide ir ao encontro no lugar de Artur.
Quando chega ao endereo mencionado, Johann est com o anel de Artur. No escuro, uma mo feminina encontra a dele e o leva. Sobem as escadas e entram num aposento. A moa fecha a porta e se entrega a Johann, que nota que ela era virgem. Passam a noite juntos e, quando Johann est saindo do quarto, encontra um vulto porta. Acha que conhece aquela voz, mas no consegue se lembrar de quem era.
O vulto o segue pelas escadas e, quando chegam porta, o ameaa com uma faca. Eles lutam e Johann mata o rapaz sufocado. Ao sair, tropea numa lanterna e resolve ver quem era o jovem que matara. Ergue a lmpada e o reconhece: era seu irmo.
Desatinado, sobe de volta para o quarto da jovem. A moa est desmaiada. Ele carrega seu corpo at a luz e v Nesse ponta da narrativa, Johann pede conhaque ao amigo Archibald; est trmulo e suando, diz que sente frio e quer beber para esquecer.
Ento, finalmente, confessa: a moa que desonrara naquela noite terrvel era a sua prpria irm. A noite j vai alta quando a porta abre-se e entra uma mulher vestida de negro. O narrador assim a descreve: Talvez que um dia fosse uma beleza tpica, uma dessas imagens que fazem descorar de volpia nos sonhos de mancebo.
Mas agora com sua tez lvida, seus olhos acesos, seus lbios roxos, suas mos de mrmore, e a roupagem escura e gotejante da chuva, dissreis antes o anjo perdido da loucura. Procura algum, com a lanterna, entre os convivas adormecidos. Encontra Arnold, o loiro, parece que vai beij-lo, mas pra e continua procurando. Quando a luz ilumina Johann, aproxima-se e o apunhala. Volta-se para Arnold e o acorda. Arnold reconhece sua antiga namorada, e ela confirma: - Outrora era Giorgia, a virgem; mas hoje Giorgia, a prostituta!
Ento, no dilogo que travam tudo se esclarece. Ela era a G do conto anterior, contado por Johann enquanto Arnold dormia. Artur no morrera no duelo, fora socorrido e sobrevivera. Adotara o nome de Arnold e vivera desesperado os ltimos cinco anos, na libertinagem, sempre desejando reencontrar sua amada, que desaparecera.
Enquanto isso, Giorgia se tornara prostituta. Arnold pergunta quem o matou e ela responde: Giorgia. Vive na casa do mestre como um filho, recebendo, no corredor, antes de dormir, beijos de Laura. A cena se repete ao longo de 3 meses, quando a menina lhe diz que deve pedi-la em casamento, porque espera um filho. Enquanto isso, o rapaz e Nauza amam-se em seu leito. Atordoado, o aprendiz confessa tudo a Godofredo.
Decide vingar-se, mas encontra Nauza e Godofredo envenenados e apodrecidos, talvez, com o veneno obtido com a mulher da cabana. Ergue-a do leito e foge com ela numa carruagem, chegando, ao meio-dia, a uma estalagem.
Interrompe a narrativa, retira um papel do bolso, mostrando o verso aos colegas. Conta que Eleonora lhe respondeu que ficava, mas caiu desmaiada. Dito isso, o rapaz tomba por sobre a mesa, calando-se. Archibald o sacode, implora para que desperte.
O perdedor, enlouquecido de raiva, desafia o parceiro para um duelo. O velho parecia endoidecido. Ela permanecia com o rosto voltado. Adeus, irei longe daqui Uma noite houve um fato pasmoso. O mestre veio ao leito de Nauza. Era Laura moribunda! E eu macilento como ela tremia como um condenado. Um tremor, um calafrio se apoderou de mim. Por Deus! No outro dia o mestre conversou comigo friamente. Mas sobre o passado na noite, nem palavra. Todas as noites era a mesma tortura, todos os dias a mesma frieza.
O velho parou. Era na fralda de uma montanha. Por fim vi-a parar. O velho bateu a porta de uma cabana: a porta abriu-se. A porta fechou-se. Alguns minutos depois o mestre estava comigo. Olha esse despenhadeiro! Uma luta entre mim e ele fora insana. Demais, ele estava armado.
Mas para que? Eu tive medo. Parti pois: no caminho topei um punhal. Ergui-o: era o do mestre. Eu humilhar-me quando ele me tinha abatido! Quando cheguei a casa do mestre achei-a fechada. Todas as janelas estavam fechadas: nem uma lamparina acesa. Caminhei tateando ate a sala do pintor. O raio da luz bateu em uma mesa. Era um corpo amarelo Eu o vi: — da boca lhe corria uma escuma esverdeada.
My guise as yours doth temperately keep time And makes a healthful music: It is not madness. Shakespeare — E tu, Hermann! Chegou a tua vez. Fala que chegou tua vez. Eu pudera conta-las, como vos, loucuras de noites de orgia; mas para que? Mas que importa? Meu lance no turf foi minha fortuna inteira.
Juan venha a poesia ainda passar-te um beijo! Juan —o libertino! Isto no que se chama os poetas. No fim desse dia eu tinha dobrado minha fortuna.
No dia seguinte eu a vi: era no teatro. Essa mulher era a duquesa Eleonora No outro dia vi-a num baile Fora longo dizer-vos: seis meses! Um dia achei que era demais. A duquesa, cansada do baile, adormecia num diva.
Parecia uma fade que dormia ao luar Amava e queria: a sua vontade era como a folha de um punhal — ferir ou estalar. O homem tirou do seio um frasquinho de esmeralda. Deitou-a e esperou.
Tudo parecia vacilar-lhe em torno O homem ergueu-se, afastou o cortinado. O homem era Claudius Hermann. Quando me levantei, embucei-me na capa e sai pelas ruas. Depois daquela mulher nada houvera mais para mim. O duque teve sede, pegou no copo da duquesa, bebeu algumas gotas; ela tomou-lhe o copo, bebeu o resto. Um beijo sussurrou, e afogou as duas almas. O que vi Entrei com ela dentro do carro. Era tempo. Uma hora depois amanhecia. Breve estivemos fora da cidade. A carruagem corria sempre.
Ela devia ser muito bela assim! A dona da casa chegou-se a mim. Onde estou eu? Nem quero pensa-lo. Mas, vede, eu tremo, tenho medo. Ela ajoelhou-se: nem sei o que ela dizia. Eu a vi correr a janela, ia abri-la Eu soltei-a de pena dela. Havia uma mulher Esquecera que era homem e tinha no seu peito harmonias santas como as do poeta Tudo isso enjeitou, esqueceu Ele era muito infame!
E o homem pode esquecer tudo isto. E as horas de seu leito Esse homem Louca, pobre louca que sois! Uma punhalada pelo amor de Deus! Nem sabes o que dizes. Quando entrares, dir-se-a: hei-la! Pensa, Eleonora! Sou muito rico, bastante para adornar-te como uma rainha. Eram uns versos meus. Os versos eram estes. Claudius tirou do bolso um papel amarelado e amarrotado, atirou-o na mesa. Meu amor Como o leproso das cidades velhas Sei me fugiras com horror aos beijos.
Pois bem! E viverei de novo: a mariposa Sacode as asas, estremece-as, brilha, Despindo a negra tez, a bava imunda Da larva desbotada. Ela calou-se: chorava e gemia.
Acerquei-me dela, ajoelhei-me como ante Deus. Ela voltou o rosto para o outro lado, quis falar Esperava eu sempre. E desmaiou. Aqui parou a historia de Claudius Hermann. Parece-me que olvidei tudo isso. Parece que foi um sonho!
Parece-me que ouvi esse nome alguma vez Com os diabos, que me importa? Era Arnold — o louro, que acordava. Era em Paris, num bilhar.
Rosa infantil lhe avermelhava as faces: mas era uma rosa de cor desfeita. Soltei a bola. A bola desviou-se, mudou de rumo: com o desvio dela perdi A raiva levou-me de vencida. Adiantei-me para ele. Era demais! Caminhei para ele: ressoou uma bofetada. O duelo, eis a luta dos homens de brio. Era insulto por insulto; lodo por lodo: tinha de ser sangue por sangue. Um dos assistentes contudo entendeu-nos.
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